O que acontece com o nosso cérebro quando lemos? Será que ler um livro e ler um post produz o mesmo efeito? Quando lemos, várias regiões do cérebro são ativadas e trabalham juntas para processar as palavras, compreender o significado e formar uma representação mental do texto.
Quanto à comparação entre ler um livro e ler um post, é importante notar que a complexidade e o nível de engajamento podem variar. Ler um livro geralmente requer mais tempo, atenção e concentração do que ler um post curto. Livros frequentemente fornecem uma narrativa mais detalhada e uma exploração aprofundada de ideias, permitindo uma leitura mais imersiva.
No entanto, ambos os tipos de leitura podem ter benefícios cognitivos. Mesmo com postagens mais curtas, a leitura pode estimular o cérebro, promover a aquisição de conhecimentos e o processamento da linguagem. Embora a profundidade e a extensão da leitura podem diferir, o que pode afetar o impacto no cérebro, é recomendado ter um equilíbrio entre diferentes tipos de leitura para obter uma variedade de estímulos mentais.
De fato, com a evolução das tecnologias e o acesso à internet, nunca, na história da humanidade, lemos tanto quanto hoje. Mas acontece que estamos em um processo de transição: apesar da leitura ser abundante, ela é fragmentada, caracterizada por breves trechos de textos, postagens em redes sociais, notícias rápidas e mensagens curtas.
Essa fragmentação da leitura pode ter algumas consequências para a forma como processamos informações e como nosso cérebro se engaja na leitura. A leitura fragmentada está frequentemente associada à multitarefa e a uma maior distração.
Estamos constantemente alternando entre diferentes textos, notificações e mídias, o que pode prejudicar nossa capacidade de nos concentrar em uma única tarefa e reduzir a eficiência do processamento da informação.
O hábito de ler pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento da empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa, compreender suas emoções e perspectivas.
A leitura estimula a imaginação e a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa. Ao visualizar as cenas e eventos narrados, somos desafiados a imaginar como seria estar na situação dos personagens e a considerar suas emoções, pensamentos e reações. Essa prática de exercitar a empatia e a imaginação pode se estender para além da leitura, contribuindo para a empatia na vida cotidiana.
É importante ressaltar que a leitura por si só não garante o desenvolvimento da empatia, mas pode fornecer uma base sólida para cultivá-la. Para aproveitar ao máximo o potencial da leitura para desenvolver a empatia, é útil estar aberto a diferentes perspectivas, refletir sobre as experiências dos personagens e considerar como essas histórias podem se relacionar com o mundo real e nossas próprias interações com os outros.
A leitura de publicações curtas e aleatórias em redes sociais, no longo prazo, pode ter um impacto negativo na nossa capacidade de fazer leituras profundas.
É importante ressaltar que nem toda leitura em redes sociais é prejudicial, além disso tudo que comentamos, as plataformas de mídia social podem fornecer acesso a informações valiosas e perspectivas diferentes. Ainda assim, é importante estar ciente dos possíveis efeitos negativos da leitura fragmentada e buscar um equilíbrio saudável entre a leitura em redes sociais e a leitura mais aprofundada.
Cultivar o hábito da leitura de livros, artigos e outros materiais que exigem uma atenção mais focada pode ajudar a contrabalançar os efeitos da leitura superficial em redes sociais. Estabelecer um tempo dedicado à leitura profunda e selecionar fontes confiáveis e conteúdos relevantes podem ajudar a manter e aprimorar nossa capacidade de fazer leituras mais profundas e significativas.
A neurociência tem revelado várias descobertas fascinantes sobre os efeitos da leitura no cérebro. Aqui estão algumas das principais descobertas:
Redes neurais da leitura: estudos de neuroimagem funcional têm identificado redes neurais específicas envolvidas na leitura. Essas redes incluem o córtex visual, que processa informações visuais das palavras; o córtex temporal, responsável pelo reconhecimento e compreensão das palavras; e o córtex frontal, envolvido no controle cognitivo e na atenção durante a leitura.
Plasticidade cerebral: a leitura regular tem sido associada a mudanças estruturais e funcionais no cérebro, demonstrando sua capacidade de remodelar as conexões neurais. Por exemplo, estudos mostraram que o treinamento da leitura pode levar ao aumento da densidade de matéria branca, que é responsável pela comunicação entre diferentes regiões cerebrais.
Aprendizado de palavras: a leitura desempenha um papel fundamental no aprendizado de palavras. A pesquisa mostrou que o processamento lexical, ou seja, a forma como as palavras são reconhecidas e compreendidas, envolve várias regiões cerebrais, incluindo o córtex visual, o córtex temporal e o córtex pré-frontal.
Efeitos da leitura em diferentes idiomas: estudos com leitores bilíngues demonstraram que a leitura em diferentes idiomas pode levar a padrões de ativação cerebral distintos. Isso sugere que a leitura em diferentes línguas pode modular a atividade cerebral de maneira única, refletindo diferenças nas características linguísticas e culturais de cada idioma.
Leitura de histórias ficcionais: esse tem sido um objeto de muito interesse na neurociência. Estudos mostraram que a leitura de ficção pode levar a mudanças na conectividade cerebral e na atividade em áreas relacionadas à compreensão social, empatia e teoria da mente, que é a capacidade de atribuir estados mentais aos outros.
Efeitos da leitura na cognição: a leitura tem sido associada a melhorias em habilidades cognitivas, como memória, atenção, linguagem e processamento de informações. Além disso, a leitura regular ao longo da vida tem sido relacionada a um menor declínio cognitivo em idades mais avançadas.
Essas descobertas destacam a complexidade da atividade de leitura e como ela influencia as estruturas e funções cerebrais. A neurociência continua a explorar os efeitos da leitura em detalhes, fornecendo insights valiosos sobre os benefícios cognitivos, emocionais e sociais dessa prática.
Ler muda o cérebro (e você)
O hábito de ler nos ajuda a desenvolver a empatia, já que nos colocamos no lugar de pessoas completamente diferentes de nós em pensamento, época ou classe social. Ler também aumenta o nosso vocabulário e expande o nosso cérebro - que está constantemente criando sinapses enquanto lemos um livro.
Você tem o hábito de ler todos os dias?
A leitura pode salvar a humanidade.
Para acompanhar o Antofágica, canal no YouTube da escritora Livia Piccolo, com resenhas de livros, biografias dos grandes escritores da literatura mundial, além de vídeos sobre música, cinema e artes plásticas: clique aqui.