Nada dura para sempre, já diria o Gun 's Roses na música November Rain. Pessoas, empresas e até impérios: tudo sucumbe ao tempo. O Império Romano que o diga.
Por mais de 400 anos, não houve neste mundo um exército capaz de fazer frente ao poderio militar daquela que era uma das sociedades mais avançadas 2.500 anos atrás. Mesmo assim, o Império Romano caiu.
São várias as causas atribuídas pelos historiadores para explicar essa importante mudança de jogo, coisas que, vamos combinar, estão presentes até hoje no nosso dia a dia. Por exemplo, disputas internas de poder, invasões e crise econômica. Fato é que se manter no topo por muito tempo é, de fato, uma dura missão; mas, manter-se no topo para sempre é impossível.
Voltando para a nossa era, quem manda no mundo hoje, em termos financeiros e de influência geopolítica, são os Estados Unidos. Mas, parece que a hegemonia deles também está ameaçada. A China, que já ultrapassou os americanos em produção científica, em número de 'unicórnios' e na corrida pela inteligência artificial, conta os dias para passar à frente também na economia (talvez em 2033).
Sinal do apocalipse? Não. Prova de que a alternância de poder é parte da vida, seja na política ou nos negócios. Tem um vídeo muito interessante produzido por Ray Dalio, um dos investidores mais bem-sucedidos do mundo, sobre o que ele chama ser a nova ordem mundial econômica.
Vale muito a pena assistir para conhecer os motivos que fazem um país ascender ou fracassar. Neste conteúdo, você consegue entender de forma clara por que a China deve ultrapassar os EUA na próxima década e se tornar a maior potência mundial, o que é normal, tá? Já aconteceu com vários outros países nos últimos séculos. Afinal, a vida é dividida em ciclos mesmo.
Além de coisas básicas como educação, disciplina e organização como sociedade, um dos indicadores que me chamaram a atenção nas nações que chegam ao topo é a boa capacidade de liderança. A mensagem é clara: um país influente precisa de grandes líderes ao longo de várias gerações e, também, deve preparar muito bem a passagem de bastão de um para outro.
Estou falando tudo isso porque o ano de 2022 tem se mostrado desafiador e turbulento em muitos aspectos, além de extremamente volátil. Quem acha que tem alguma certeza no radar pode ter surpresas bem desagradáveis. Na economia, por exemplo, paira no ar um clima de crise econômica mundial, com juros em alta e falta de liquidez; na política, tem guerra na Europa e troca de farpas entre EUA e China, sem falar na polarização radical que afeta o Brasil.
Nem os grandes líderes estão imunes. Os homens mais ricos do mundo sofreram perdas expressivas e viram suas fortunas encolherem nesse mar que não está para peixe. Juntos, Elon Musk, Bill Gates e Jeff Bezos perderam mais de US$ 70 bilhões com a tensão dos ativos de risco. O S&P, principal índice de ações americanas que reúne as 500 maiores empresas do País, despencou 22% só este ano.
De todos os bilionários afetados pelo temor de recessão global, ninguém sofreu mais do que Mark Zuckerberg. Sozinho, ele perdeu US$ 71 bilhões com a desvalorização da Meta. Uma empresa que já chegou a valer perto de US$ 1 trilhão hoje vale cerca de metade e inclusive deixou o posto das 10 maiores empresas dos EUA em valor de mercado. Além de se afastar de outras big techs de respeito, como Apple, Amazon e Google, a empresa foi ultrapassada por companhias de outro setor também, como a UnitedHealth, a Johnson & Johnson e a Exxon Mobil.
Isso significa que Mark perdeu a mão no comando da Meta? Talvez. Mas, a causa mais provável é que a empresa tenha atingido o seu teto de crescimento. Lembro que foi quando os resultados financeiros apresentados este ano apontaram para o limite no aumento de novos usuários que as ações começaram a se desvalorizar. Esse fato, combinado com a rápida expansão do TikTok e uma nova forma de se comunicar, tem sido fatal para a Meta continuar sendo relevante.
Não é possível decretar a morte da Meta, porém. A aposta da empresa no metaverso é dada como última cartada não apenas para recuperar o espaço, a confiança e o dinheiro perdidos, mas também abrir novos nichos de mercado para diversificar as fontes de receita. E isso é essencial! Veja a Apple como exemplo. Mesmo sendo a maior empresa do mundo e um modelo de negócios consistente, diversificação é a palavra de ordem por lá. A venda de iPhones ainda é o carro-chefe, mas uma boa parte das receitas já vêm do Apple TV+, do Apple Music e do Apple Arcade. São as chamadas avenidas de crescimento à parte do negócio principal.
"Há séculos os filósofos debatem sobre a natureza da "realidade", se o mundo que percebemos é real ou uma ilusão. Mas a neurociência moderna nos ensina que, de certa forma, todas as nossas percepções devem ser consideradas ilusões. Isso porque só percebemos o mundo de forma indireta, processando e interpretando os dados brutos dos nossos sentidos. É isso que nosso inconsciente processa para nós - criando assim um modelo do mundo. Ou, como dizia Kant, há Das Ding an sich, as coisas como elas são, e Das Ding uns, as coisas como as conhecemos." Trecho retirado do livro 'SUBLIMINAR', de Leonard Mlodinow.
Não tem jeito: no mundo ágil, dinâmico e flexível que vivemos, é preciso se mexer o tempo todo para acompanhar o ritmo das mudanças.
Seja a Apple ou qualquer outro negócio como o mercado da esquina. Como disse o CEO da B3, Gilson Finkelsztain no podcast da Neoway, nenhum mercado pode ficar deitado em berço esplêndido à espera do crescimento.
E se a dica vale para as empresas, vale também para pessoas. Porque, hoje em dia, piscou, dormiu, perdeu. A pergunta que fica:
É possível concorrer com os grandes?
Um agradecimento especial ao meu amigo jornalista Marcelo Gripa, co-fundador de Futuros Possíveis, que me ajudou a escrever o texto deste post.