Um charme discreto

Seu escritório não é na praia.

Tá rolando um movimento silencioso.

De pessoas deixando de postar.

E voltando pra vida real.

Será verdade isso?

Na última década, quando as redes sociais deixaram de ser um espaço online pra postar foto de comida ou dar feliz aniversário a um amigo. A relação com as mídias digitais deixou de ser apenas curiosidade, para se tornar um hábito compulsivo.

Chega a ser algo bizarro ou impossível pensar em ficar uns dias totalmente longe do celular, ou das redes digitais, porque é simplesmente muito difícil.

Pode até parecer algo estranho de dizer. Mas a gente deve ter se perdido de um jeito tosco no meio do caminho. Bora encontrar um equilíbrio.

É bom lembrar do que realmente importa. E que, muitas vezes, os melhores momentos das nossas vidas acontecem fora das telas.

Talvez esse seja um dos principais motivos pelo qual, cada vez mais pessoas estão escolhendo viver offline.

Saber o que ouvir é essencial.

Os feeds infinitos geram um estímulo constante e te colocaram como um ratinho na gaiola, buscando sua recompensa imediata.

Durante o isolamento social, as redes chegaram a cumprir um papel essencial: manter as conexões vivas quando o mundo estava fechado.

Mas, ao mesmo tempo, aceleraram uma cultura em que viver e postar viraram sinônimos e o tempo passou a representar uma lacuna.

O escritor André Carvalhal foi um dos que levantaram essa discussão, observando que talvez estejamos diante de um movimento em massa de desconexão.

Ele lembra que, por muito tempo, compartilhar era sinônimo de existir:

“Fotos de viagens, cafés, conquistas e vulnerabilidades. Estávamos todos ali, em tempo real, performando uma vida interessante, conectada e sempre em alta. O feed era uma extensão do nosso ‘eu’.”

Padrão, escala, repetição e engajamento.

Essa extensão, no entanto, deixou de ser nossa.

É nesse ponto que a exaustão começou a aparecer.

Não se trata apenas de “cansar das redes”, mas de saturar a forma como mostramos a nossa vida nelas.

O problema não é estar online, mas como se fosse uma vitrine de si mesmo, obedecendo a um formato que serve e, como uma doença silenciosa, mata sua espontaneidade.

Se antes era difícil imaginar alguém sumindo do feed, hoje há quem faça isso com satisfação.

Não postar virou tipo uma resistência contra a era da performance, mas não se engane: essa revolução não é tão política quanto parece.

Desligar seu telefone é só o primeiro passo.

Pra voltar a enxergar o mundo real.

Oportunidade de se destacar.

Só que, o “feed vazio” — não é vazio de fato: ele se preenche em conversas privadas, stories de melhores amigos e momentos que não precisam ser tão validados assim para existir.

A GenZ e os mais novos fazem isso. Já percebeu como a meninada posta pouco no feed, mas não larga um minuto do celular?

O interessante é que esse movimento não enche o saco de quem passa 4 horas por dia no celular, ele é silencioso.

Quem reduz a presença digital não costuma anunciar a saída, mas apenas ocupa seu tempo em outros espaços.

Isso não significa abandonar as redes pra sempre, mas inverter a lógica em que estamos: elas passam novamente a somar nossas vidas, não validar nossa existência.

A palavra do momento é autenticidade.

Pode ser que a busca dessa galera seja, justamente, por experiências menos editadas.

Sabe aquele instante que você fotografa o pôr do sol, grava um vídeo curto, mas não precisa postar necessariamente, naquele exato momento.

Saca o celular, registra na hora, põe ele de volta no bolso e, quando der na telha, você posta. Mesmo que o sol já tenha amanhecido, sem problema nenhum.

O desafio é não transformar essa ‘vida offline’ (ou só para os íntimos) em mais um produto. Porque, se achar um jeito de vendê-la, você vai.

O feed vazio pode virar tendência e aí voltamos ao ponto de partida. Esse movimento pode até ser coletivo, mas a decisão é individual.

Como qualquer outro vício, a desconexão também exige disciplina e, coragem para aceitar que nem tudo precisa ser visto para existir.

A Creator Economy não é mais um puxadinho.

Ela tá ganhando cada vez mais espaço e sendo reconhecida como um ecossistema que tem potência pra movimentar dinheiro e construir grandes negócios.

Ignorar esse mercado não é mais uma opção, mas a partir de agora, se especializar nele é.

A cultura é cíclica: há quem diga que a gente recicla porque tem dificuldade em imaginar o novo. Daí o olhar para o passado.

Mas não precisa ser bem assim... claro que as possibilidades da era digital são incríveis, mas às vezes a gente só queria não ficar horas caçando e pesquisando.

Pensando o que postar, apenas para engajar.

Calma e sabedoria. Respira fundo.

Força na peruca, pra cima!

Forte abraço.

Para ouvir minha playlist: clique aqui.

O texto desse post foi inspirado na News #19 do YOUPIX, para se aprofundar nos assuntos corre pro @instayoupix e receba, em primeira mão, o olhar da Rafa Lotto e de todo o time da YPX :) we ♥ creators

Leonardo Coletti

Leonardo Coletti

Jornalista, DJ e Creator.
Brazil