Furando a bolha

Sabe quando você faz alguma coisa que gosta, mas sente que não tá rolando?

Ou você curtiu as pessoas, mas não te curtiram de volta; ou você até se esforça, mas não chega no resultado que queria.

Pior ainda quando te pintam como se estivesse forçando um personagem, quando na real só pode estar no ambiente ou na parada errada.

Teu lance pode ser tocar numa banda, mas não necessariamente cantando, já pensou em tocar baixo?

O mesmo vale na publicidade digital: às vezes sua marca não é chata, ou o produto que ela oferece não é ruim... Você só precisa de um creator pra tornar a parada cool =))

Nesse exato momento, esse é o pensamento que ecoa diariamente nos corredores de grandes marcas. Isso serve pra gente lembrar de que, se o meme da vez é todo mundo postar foto com um abacaxi na cabeça, não adianta colocar no seu produto, ou no logo da empresa e achar que tá surfando na onda, porque isso dá um sentimento meio… cringe.

Aliás, graças a Gen Alpha, (geração que nasceu a partir de 2010, e cresceu em um mundo totalmente digital e tecnológico), até falar a palavra cringe virou algo 'cringe'.

Mas, afinal, como inserir um produto no mercado, sendo que tem tanto anúncio por aí falando mais ou menos a mesma coisa?

Muitas vezes a solução de uma empresa é contratar uma equipe de marketing, na esperança de que todos os problemas serão resolvidos num passe de mágica - e em tempo recorde. Acontece que isso é a solução da publicidade tradicional.

Como resolver essa questão na era da Creator Economy? Simples: você não precisa de uma equipe inteira, mas sim de uma pessoa capaz de enxergar o que não está sendo visto.

Na real, saber lidar com creators pode ser a grande solução pra várias questões relacionadas ao marketing e publicidade de uma empresa, muito além de um rostinho bonito pra estampar uma publicidade.

Se você contrata uma equipe de marketing acostumada a implementar o modelo tradicional em ação, ignora as mudanças que transformaram completamente a nossa forma de consumo da pandemia pra cá.

A gente fala muito, mas não custa relembrar: mais ou menos até o isolamento social forçado no mundo inteiro, uma marca atrelava o rosto de uma celebridade ao seu produto e lançava o anúncio no intervalo da novela, de um reality bem assistido e por aí vai. Esse era o supra sumo na época.

Na pandemia, quem já estava conectado se conectou mais ainda, e quem tava de fora da internet deu um jeito de entrar nas redes, de uma vez por todas. Igual o seu pai ou aquele parente que só usava e-mail e Facebook, finalmente resolveu criar um perfil no Instagram, por exemplo.

Agora, focando na publicidade atual, como transformar o produto em algo que as pessoas se importam? O público não quer ser interrompido, ele quer se ver representado.

Não é sobre mostrar um produto como se a internet fosse uma grande vitrine, mas sobre mostrar por que ele existe, quem realmente usa e o porquê ele serviu pra essa pessoa.

Quando uma marca tenta falar sozinha, soa como um tiozão tentando fazer dancinha no TikTok - é a história do avatar de abacaxi que falei no começo. Mas, quando ela entra na conversa do jeito certo, o papo flui da melhor maneira.

Pensa assim: tirando no Estado de Minas Gerais, que exporta as melhores pessoas e comidas desse país, você não vai simplesmente entrar na casa de alguém, sentar na sala e se enfiar no meio do assunto que tá rolando.

É de bom tom tocar a campainha, antes de tudo, se apresentar, esperar ser chamado pra uma xícara de café e aí sim, você vai ganhando a confiança. Quem é você na fila da padaria?

Só assim, depois do primeiro momento...

Quem sabe um pão de queijo.

Calma calabreso.

Tá bom, mas o mercado não é uma grande sala de estar e o briefing da campanha, que tinha prazo pra ontem, precisa ir pro ar hoje, sem falta, de preferência o quanto antes, entendemos toda correria.

O negócio então é a marca aproveitar a brechinha de alguém que já é conhecido dessa casa e, quando chegar na sala de estar, vai entrar numa boa na conversa.

É aí, que entra o poder dos creators.

O creator entende o que o público sente, porque ele é parte desse público. Ele conhece a linguagem, o timing, o formato e o tipo de humor que funciona.

É alguém que sabe o que vai gerar comentário, o que vai gerar compartilhamento e o que vai ser ignorado em dois segundos. Sabe por quê? Foi esse creator, que pode estar há meses ou anos na criação de conteúdo, que formou a comunidade que a marca quer atingir. Até aqui, deu pra sacar quem tá conversando e quem quer entrar na conversa, né?

E o melhor: esse olhar do creator não depende de orçamento milionário. Claro que existem creators com comunidades gigantes e que cobram caro por uma campanha, mas também tem vários, em torno de 20 milhões - de creators, doidos por uma oportunidade de mostrar como a marca pode fazer diferente.

Cheios de ideias pra apresentar, só esperando uma pequena chance de mostrar o trabalho.

Enquanto campanhas que ainda estão presas no formato tradicional gastam uma fortuna tentando “achar” pessoas, os creators já estão lá, no meio delas.

É como se esse creator chamasse a marca pro papo da sala de estar: sendo convidada por alguém, fica mais fácil entrar no ambiente e na conversa.

O investimento que antes era feito em mídia paga, começa a ser redirecionado pra parcerias que constroem um relacionamento em vez de interromper a timeline - como os intervalos interrompiam as novelas.

Antes, você tinha que aguentar o comercial pra ver a parte final da novela.

Hoje, ninguém é obrigado a ver o anúncio e, quando isso acontece (como nas propagandas do YouTube), às vezes o sentimento que gera no consumidor é de ranço. Quem nunca falou “eu jamais vou dar dinheiro pra tal empresa só por essa propaganda mega irritante”?

Tudo bem que tem aquela frase clássica, o “falem bem ou falem mal, mas falem de mim”, mas pra que gastar toda essa energia e dinheiro, sendo que tem um oceano de estratégias ainda nem descobertas para penetrar várias audiências, furando a bolha, por meio da ponte que os creators fazem?

Lidar com creators é uma forma de otimizar inteligência e orçamento ao mesmo tempo: seja bem-vindo ao universo incrível do marketing de influência. São eles que ajudam a marca a falar a língua da audiência, testam formatos com agilidade e abrem portas pra comunidades que nenhuma campanha tradicional conseguiria alcançar sozinha.

A publicidade do futuro não vai ser sobre quem grita mais alto, mas quem sabe conversar melhor — só não esquece que isso já está acontecendo.

Talvez a melhor resposta está em usar a tecnologia a seu favor, pra você ter tempo de fazer o que sabe de melhor: ser criativo. Não é sobre “entregar pra IA”, e sim delegar pra ela.

A tecnologia não vai substituir seu olhar e a sua sensibilidade, mas pode ajudar a liberar espaço para que a sua habilidade floresça.

Seja bem-vindo a um universo incrível.

Você está preparado(a)?

Aperte o cinto!

(Texto inspirado na News #32 da YOUPIX)

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